Oriente e Ocidente, um encaixe perfeito
É de conhecimento corrente no ocidente que Deus humanizado sentado em seu trono sobre as nuvens escuta os pedidos dos crentes em sua presença. Esse é um quadro infantil que retrata a existência, o posicionamento e a função da espiritualidade em um cotidiano ocidentalizado. Um cenário comum no oriente é a adoração de variados deuses, diferenciados por suas especialidades, em uma relação respeitosa de gratidão e comunhão.
A conceituação de Deus, a padronagem do experienciador humano e os modos de conexão entre ambos se encaixam no oferecimento de infinitas possibilidades de experiência de comunhão.
Religiões afrodescendentes agradam à múltiplos deuses com ofertas específicas em prol de cura para seus males.
O Hinduísmo e suas tradições derivadas cultuam conexões diversas motivados pelo medo, escassez e desejo.
O Budismo, Confucionismo e outras filosofias orientais semelhantes ensinam o espelhamento vinculativo ao outro, com a identificação de si próprio no meio como experiência máxima de comunhão.
As diversas Mitologias ocidentais européias visam aplacar a ira dos deuses e receber seus favores através de ações focadas no propósito.
O Judaísmo age sempre conectado com Deus em ações atentas, padronizadas e autorrealizadoras.
O Islamismo adora à Deus na reprodução da lei divina em atos retos, repetitivos e obedientes.
O Cristianismo fixa uma figura central do sofrimento humano causado pelo próprio ser humano na experiência de crucificação de Jesus por seus iguais.
Tradições arcaicas podem considerar Deus em uma condição una e múltipla, passivo e ativo, humanos ardentes em dor e desejo e congelados em paz relacionando-se em uma circulação de energias transformadoras da consciência. Cada indivíduo e coletividade épica-espacial comunga com sua percepção específica de Deus. O mecanismo de funcionamento dessa dinâmica é o mesmo. A chave de conexão é a manutenção do respeito, harmonia e atenção ao Criador e à sua criação.